O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser: Hebreus 1:3
📖 A Mimese Platônica e a Imagem de Deus
“Ele é a imagem do Deus invisível.”
(Colossenses 1:15)
1. A Mimese em Platão: Ideia, Cópia e Simulacro
Na filosofia pré-socrática, Platão concebia o mundo como dividido em dois níveis:
-
O mundo das ideias (ou formas): eterno, imutável, perfeito.
-
O mundo sensível: transitório, imperfeito, composto por cópias das ideias.
Para Platão, tudo que vemos é mímesis — uma imitação. Um cavalo visível não é o cavalo ideal, mas uma cópia imperfeita da “ideia de cavalo”.
🔺 A Tríade Mimética: Entendendo a visão platônica da realidade
-
Ideia
– É o modelo eterno e perfeito, segundo Platão.
– No Cristianismo, representa Deus como essência absoluta, o Ser invisível que fundamenta todas as coisas. -
Cópia (Mímesis)
– É a manifestação visível do invisível, uma imitação fiel da ideia.
– Em linguagem cristã, Jesus é essa cópia perfeita: “a imagem do Deus invisível” (Colossenses 1:15). -
Simulacro
– É uma cópia distorcida que perde conexão com a realidade original.
– Representa os ídolos, sistemas religiosos ou imagens que tentam representar Deus sem a encarnação de Yeshua— projeções humanas sem base ontológica real.
Usando essa estrutura como ilustração do pensamento ocidental sobre a divindade, é possível perceber como o o Judaísmo Messiânico radicaliza e subverte a filosofia platônica ao afirmar que a ideia eterna se fez carne.
2. O Gênesis e a Imagem de Deus
“Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança…” (Gênesis 1:26)
Na tradição hebraica, a imagem (tselem) e a semelhança (demut) foram muito discutidas — seriam elas atributos morais, espirituais ou físicos? No entanto, em luz do Novo Testamento, Yeshua é aquele em quem essa imagem encontra realização plena:
“Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.” (Colossenses 2:9)
Yeshua não é apenas feito à imagem — Ele é a imagem.
3. Jesus: A Cópia Perfeita que Revela o Original
Aqui a teologia Judaico-Messiânica ultrapassa Platão. Na filosofia, a cópia é sempre inferior à ideia. No entanto, em Jesus (Yeshua), a cópia não apenas aponta para a ideia — ela é o meio pelo qual a ideia se dá a conhecer.
“O caráter da sua substância” (Hebreus 1:3)
(χαρακτὴρ τῆς ὑποστάσεως)
A palavra charaktêr designava o selo usado para marcar cera com a forma da matriz. Yeshua é essa impressão exata — não um reflexo, mas uma duplicação ontológica. Ele é o Deus visível.
4. Contra o Simulacro: O Perigo das Imagens Vazias
Assim como Platão alertava sobre o simulacro — a cópia que perde o contato com o real —, o Novo Testamento alerta contra os ídolos:
“Trocaram a glória do Deus incorruptível por imagens de homens mortais…” (Romanos 1:23)
O simulacro religioso é toda tentativa de representar Deus sem a encarnação de Cristo. Sem Jesus, a imagem perde a fonte e se torna distorção.
5. O Corpo como Mímesis Fiel
A plenitude de Deus habita corporalmente (σώματι) no Messias de Israel (Cl 2:9). Isso é um escândalo para qualquer dualismo filosófico — e também uma resposta à busca grega pela ideia perfeita:
Deus não ficou apenas na ideia.
Ele não aceitou ser abstração.
Ele se fez corpo.
🌟 Messias de Israel, a Mimesis Real da Divindade
A teologia Judaico-Messiânica é o fim da mimesis como inferioridade.
Em Yeshua, a cópia não apenas reflete: ela manifesta.
Ele é a imagem real daquilo que antes só podia ser ouvido ou intuído.
Yeshua é o ponto em que o invisível se torna visível.
A ideia se torna corpo.
A palavra se torna carne.
O signo se torna o próprio referente.
“Quem me vê, vê o Pai.” (João 14:9)
Seja o primeiro a comentar!