📖 Marta e Maria: O Resgate do Chamado das Mulheres no Mundo da Fé
“E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Yeshua numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.”
— Lucas 10:38
O episódio de Marta e Maria no Evangelho de Lucas (10:38–42) vai muito além de uma simples história sobre hospitalidade. É uma parábola viva sobre o papel da mulher no discipulado e no mundo da fé — uma revolução silenciosa iniciada por Yeshua!
🏠 O Contexto da História: Marta e a Hospitalidade
Logo no início do relato, vemos que Marta ocupava-se com a hospitalidade — um papel socialmente esperado das mulheres da época:
“Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.”
— Lucas 10:40
Segundo o texto da Peshitta Hebraica, Marta estava עֲסוּקָה (‘assuqáh’), “ocupada”, e também דּוֹאֶגֶת (doéget), “preocupada”.
A preocupação dela não era apenas prática, mas também cultural:
⚡ Maria estava quebrando as normas sociais! Em vez de ajudar nas tarefas, ela se sentara aos pés do Mestre — posição exclusiva dos discípulos, reservada aos homens.
👣 A Atitude de Maria: Um Ato Subversivo
“E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Yeshua, ouvia a sua palavra.”
— Lucas 10:39
Sentar-se “aos pés” de um mestre era, no mundo judaico do primeiro século, o símbolo máximo do discipulado.
Paulo mesmo testemunha:
“Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e criado nesta cidade aos pés de Gamaliel…”
— Atos 22:3
📚 Assim, Maria assume conscientemente um papel de discípula — algo revolucionário para a época.
O Evangelho subverte a estrutura social ao afirmar que a mulher também pode ser ouvinte, aprendiz e, por consequência, portadora da Palavra.
📜 A Resposta de Yeshua: A Revolução da Fé
Quando Marta reclama, Yeshua responde de forma surpreendente:
“Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.”
— Lucas 10:41–42
No texto grego (Nestle-Aland 28ª edição), a frase crítica é:
“Μαριὰμ γὰρ τὴν ἀγαθὴν μερίδα ἐξελέξατο”
(Maria escolheu a boa parte).
💥 Aqui, Yeshua elogia abertamente a decisão de Maria.
Ele não desvaloriza o trabalho doméstico, mas corrige a ideia de que o discipulado seria um privilégio masculino.
Maria representa todas as mulheres que se permitem ultrapassar barreiras e aceitar o chamado de Deus.
🕊️ A História das Mulheres no Plano Divino
Desde o início, o Eterno confiou a mulheres papéis fundamentais:
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Sara — mãe da promessa.
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Débora — juíza e profetisa de Israel.
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Miriam — líder ao lado de Moisés e Arão.
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Rute e Ester — pilares da história de redenção de Israel.
🔹 A Torá e os Profetas já mostravam o protagonismo feminino.
🔹 Mas na época de Yeshua, a tradição oral havia relegado a mulher a papéis marginais.
O gesto de Maria, e a aprovação explícita de Yeshua, restauram essa dignidade perdida.
✨ O Cumprimento da Promessa
O elogio a Maria é o cumprimento de antigas promessas bíblicas:
“Todos os teus santos estão na tua mão; postos serão no meio, entre os teus pés, e cada um receberá das tuas palavras.”
— Deuteronômio 33:3 (interpretação de Franz Delitzsch)
E ainda, ecoando Gálatas:
“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Yeshua HaMashiach.”
— Gálatas 3:28
⚡ Yeshua reergue o papel da mulher como discípula, pregadora e testemunha — antes, durante e depois da Sua ressurreição.
🌟 Conclusão: A Boa Parte Que Não Será Tirada
Marta representa o costume; Maria, a revolução da graça.
Marta mantinha a tradição; Maria aceitava o novo chamado.
Yeshua não rejeita o serviço — Ele redefine as prioridades:
➡️ Primeiro a Palavra, depois as tarefas.
Assim, a história de Marta e Maria não é apenas sobre fé e obras. É sobre quem tem direito de aprender, ensinar e servir no Reino de Deus: homens e mulheres igualmente!
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