📘 Efésios 2:15 – Jesus Aboliu a Lei? A Relação entre Dogmasin e Chukot no Corpo de Yeshua

📘 Efésios 2:15 – Jesus Aboliu a Lei? A Relação entre Dogmasin e Chukot no Corpo de Yeshua

🌿 Introdução: O Equívoco da “Abolição”

Muitos leem Efésios 2:15 e entendem que Yeshua “derrubou a Lei”, especialmente ao mencionar a “lei dos mandamentos em forma de ordenanças” (νόμον τῶν ἐντολῶν ἐν δόγμασιν). Porém, uma leitura atenta ao contexto judaico e messiânico revela algo mais profundo: não uma anulação, mas uma transformação. Vamos explorar como dogmasin (ordenanças) e chukot (estatutos rituais) se relacionam com o corpo de Yeshua.

📖 Dogmasin e Chukot: Entendendo os Termos

  1. Dogmasin (δόγμασιν)
    • No grego, significa decretos ou regulamentos.
    • No contexto paulino, refere-se às leis que separavam judeus e gentios (circuncisão, pureza ritual, etc.).
  2. Chukot (חֻקּוֹת)
    • Na Torá, são estatutos divinos sem explicação lógica aparente, como kashrut ou sacrifícios.
    • A tradução hebraica da Peshitta (Sociedade Bíblica de Israel) usa chukot aqui, sugerindo que Paulo focava nas leis que criavam barreiras étnicas.

🔄 “Colapsou”, Não “Cancelou”

O verbo grego καταργέω (katargeō) em Efésios 2:15 não significa “abolir”, mas tornar inoperante um sistema temporário. Yeshua não anulou a Torá, mas cumpriu os chukim ligados ao chatat (oferta pelo pecado), transformando-os em algo maior:

  • Chatat (oferta animal) → Era provisório, apontando para o sacrifício único de Yeshua (Hebreus 10:12).
  • Minchah (oferta de cereal) → Tornou-se permanente na era messiânica, simbolizada pelo pão da Ceia do Senhor (1 Coríntios 11:24).

Yeshua colapsou o sistema de korbanot (sacrifícios) em Seu corpo, unindo redenção (sangue) e consagração (minchah).

🍞🍷 A Ceia: A Minchah Messiânica

Yeshua não substituiu a Torá por uma “espiritualização vaga”, mas ressignificou elementos concretos:

  • Pão (minchah): Representa Seu corpo, a oferta de cereal perfeita (Levítico 2:1-2; João 6:35).
  • Vinho (libação): Simboliza Seu sangue, o chatat definitivo (Êxodo 24:8; Lucas 22:20).

Assim como Caim tentou oferecer minchah (Gênesis 4:3), mas falhou por rejeitar o sangue, Yeshua uniu ambos em um ato redentor. A Ceia não é um mero memorial, mas minchah messiânica em ação, perpetuando Seu sacrifício.

✡️ A Visão Judaica sobre o Fim dos Sacrifícios

A tradição rabínica nunca viu o fim dos korbanot como anulação da Torá, mas como transformação na era messiânica:

  • Talmud (Menachot 110a): Apenas minchot (ofertas de cereal) e todot (ações de graça) permanecerão.
  • Maimônides (Hilchot Melachim 11:1): Na era messiânica, a ausência de guerra e pecado tornará desnecessários os sacrifícios expiatórios.
  • Midrash Tanchuma (Emor 14): “Todos os sacrifícios cessarão, exceto o Todá (gratidão)”.

Yeshua cumpre essa expectativa:

  • Ele é o Korban Pesach (1 Coríntios 5:7), cujo sangue nos redime.
  • A Ceia é o Todá messiânico, onde gratidão e memória se fundem (Lucas 22:19).

🔯 Circuncisão: Aliança Física e Coração Transformado

  • Para judeus: A circuncisão física permanece como marca da aliança abraâmica (Gênesis 17:10-11).
  • Para gentios: A circuncisão do coração (Deuteronômio 30:6) é sinal de consagração total, sem substituir a identidade judaica (Romanos 2:29).

Paulo não aboliu a Torá, mas expandiu o acesso ao Eterno, derrubando barreiras culturais, não mandamentos.

🕎 Conclusão: A Torá Elevada, Não Anulada

Efésios 2:15 não é sobre “abolir a Lei”, mas sobre cumprir os chukim temporários (como o chatat) e elevar os eternos (como a minchah). A Ceia do Senhor é a prova:

  • Pão e vinho são a expressão messiânica da minchah, unindo judeus e gentios em um só corpo.
  • A Torá não foi revogada, mas alcançou seu ápice em Yeshua (Mateus 5:17).

🕊️ “Cristo é a realidade da qual a Lei era sombra” (Colossenses 2:17).

“A Torá é árvore de vida para os que a abraçam” (Provérbios 3:18)

✨ Em Yeshua, a Torá brilha em sua plenitude!

Sobre o autor | Website

Israel Silva é apaixonado por hebraico, Torá e Judaísmo. É também autor de diversas mensagens e estudos bíblicos, professor graduado em Letras, leciona hebraico bíblico para estudantes, pastores e teólogos. Cursou o contexto judaico do Novo Testamento, Geografia da terra de Israel. É especialista em estudos da Bíblia Hebraica pelo Israel Instituto de Estudos Bíblicos.

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