E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão – A Beleza Fonética de Yeshua

Shalom, querido leitor! 🌿

Hoje proponho que ouçamos não apenas o conteúdo das palavras de Yeshua e de Yohanan, mas a sua música interior, a harmonia de sons e fonemas que ecoam no hebraico como uma verdadeira obra de arte. Pois a Palavra de Deus não é só mensagem — é também estética, ritmo e engenho.

A frase que corta como espada e encanta como poema ✨

E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão. Mateus 3:9

Vejamos agora a reconstrução hebraica de Franz Delitzsch,  que nos traz a seguinte advertência:

וְאַל־תַּחְשְׁבוּ בִלְבַבְכֶם לֵאמֹר
אַבְרָהָם הוּא אָבִינוּ כִּי אֲנִי אֹמֵר לָכֶם
כִּי מִן־הָאֲבָנִים הָאֵלֶּה
יָכוֹל הָאֱלֹהִים
לְהָקִים בָּנִים לְאַבְרָהָם׃

🔊 Transliteração (quiasmo fonético com 5 versos – um para cada livro da Torá):

IntroduçãoVeAl Tachshevú Bilvavchem Lemor

  • Linha 1Avraham hu Avinu Ki Ani Omer Lachem
  • Linha 2Ki Min Ha-avanim HaEleh
  • Centro (destaque: “Yachol Elohim”)Yachol Elohim
  • Linha 2 paralela fonológica (Avanim / Banim)Lehakim Banim
  • Linha 1 paralelaLeAvraham

🎶 A Beleza Sonora

Quando lemos este trecho apenas em português, percebemos a força da mensagem. Mas quando o escutamos em hebraico, a Palavra ganha música.

  • Avanim (pedras) e Banim (filhos) ressoam quase como irmãos gêmeos. Uma letra, um sopro, um som muda — e o inerte se converte em vivo.

  • A raiz אב (av, pai) se repete em Avraham, Avinu, Banim, costurando todo o discurso em torno da paternidade.

  • O centro do quiasmo é um clarão sonoro: Yachol Elohim — “Pode Deus”. Eis o clímax, a nota mais alta da melodia.

🌀 Estrutura Quiástica

A passagem tem uma arquitetura que lembra o barroco, feita de curvas e espelhos:

  1. Advertência inicialVeAl Tachshevú Bilvavchem (não presumais).

  2. Afirmação tradicionalAvraham hu Avinu (Abraão é nosso pai).

  3. Contraponto proféticoKi Ani Omer Lachem (mas eu vos digo).

  4. Imagem chocanteKi Min Ha-avanim HaEleh (dessas pedras).

  5. Centro brilhanteYachol Elohim (pode Deus).

  6. Paralelo sonoroLehakim Banim (suscitar filhos).

  7. Conclusão simétricaLeAvraham (a Abraão).

É como se as frases formassem um arco sonoro que conduz o ouvinte ao vértice central: o poder absoluto de Elohim.

💎 Agudeza Similar ao Barroco

Aqui se manifesta a agudeza, tão cara ao estilo barroco:

  • O engenho está no jogo fonético entre avanim (pedras) e banim (filhos).

  • O maravilhamento está na ousadia de afirmar que de pedras mudas Deus pode gerar descendentes vivos.

  • A repetição da sílaba AV ressoa como baixo contínuo, sustentando o sermão.

Yeshua (ou Yohanan, nesse contexto) fala com poder e também com arte. O texto é espada e harpa: corta e encanta.

🌟 Conclusão

O que muitas vezes passa despercebido em traduções ocidentais é que a Palavra no hebraico carrega beleza fonética e ritmo poético.

Aqui vemos o discurso moldado como um quiasmo sonoro, em que os fonemas se transformam em argumentos:

  • As pedras tornam-se filhos,

  • O pai ecoa em cada sílaba,

  • E no centro brilha a confissão suprema: Yachol Elohim — “Deus pode”.

Assim, a voz de Yeshua se revela não apenas na mensagem, mas na própria música da linguagem.

Sobre o autor | Website

Israel Silva é apaixonado por hebraico, Torá e Judaísmo. É também autor de diversas mensagens e estudos bíblicos, professor graduado em Letras, leciona hebraico bíblico para estudantes, pastores e teólogos. Cursou o contexto judaico do Novo Testamento, Geografia da terra de Israel. É especialista em estudos da Bíblia Hebraica pelo Israel Instituto de Estudos Bíblicos.

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